quarta-feira, 4 de abril de 2012

Quem são os culpados?

De acordo com Mário Draghi o modelo social europeu está morto. Mário Draghi apenas quis, ao dizer isto, “ajudar” os governos dos países em crise e reforçar que devem continuar as reformas estruturais. Fez o seu “pequeno” papel.
E blá, blá, blá, nada mais disse que tivesse sumo.
Sou defensor convicto que os ajustes que Portugal tem que fazer são incontornáveis. O futuro tem que passar forçosamente por só se gastar o que se tem e o que se pede emprestado deverá obedecer a critérios de prévia análise da capacidade de libertar meios que permitam honrar compromissos, para cada investimento específico, para cada fim específico.
Tem ainda que passar por pagar uma brutal dívida. Vamos todos pagá-la.
O que Mário Draghi não diz, assim como não diz ninguém na Europa, é que não é apenas o modelo social que está morto. O que verdadeiramente está morto é a vergonha. Não há vergonha na cara de muitos, muitíssimos até, dirigentes políticos, de alguns (se não muitos, importantes em dimensão) empresários sem escrúpulos.
Não há ainda e mais uma vez, na minha forma de ver as coisas, vergonha da classe judicial. Não dos funcionários judiciais, não de muitos advogados e juízes que sabem fazer o seu trabalho, mas das elites deste importante grupo “independente”.
Pode afirmar-se que a culpa primeira é dos políticos pois são estes que no parlamento fazem as leis. Mas não basta esta desculpa.
O poder judicial tem, se quiser ter vergonha na cara, a independência e a força necessárias, para além do conhecimento, para desempenharem um papel de mudança sem a qual não haverá nunca mais uma sociedade em que o social seja uma matriz primeira. Nada têm feito pela sua sociedade. São arrogantes e em última análise, tão criminosos como os criminosos que defendem e que não punem. O povo foi descaradamente roubado e nada fizeram.
Os sucessivos Presidentes da República (exceção a Ramalho Eanes) são uns bobos da corte das bananas e coniventes com o saque efetuado.
Os valores estão doentes.
Mas e ainda, quem mais tem defendido o social sem que verdadeiramente o defenda? A esquerda toda.
O PS está, como o atual modelo social, morto. Foi assassinado por sucessivos elementos que a todos enganaram. Foram a grande mentira pois os que mais defenderam o social mais mal lhe fizeram.
O PC já não existe pois está caduco e o BE morreu antes de chegar à juventude.
O social deverá continuar a ser uma matriz primeira.
Hoje sou apoiante do que este governo está a fazer, erros à parte que todos os cometem e até prova em contrário acredito sinceramente que atuam em verdadeira defesa do nosso futuro e do país.
Defender o social faz-se com rigor orçamental, com justiça célere e para todos, com responsabilização e educação.
Está tudo por fazer.
Estou como os Angolanos há uns anos atrás que questionados sobre o facto de serem absolutamente pobres e em guerra permanente tinham a grande capacidade de sorrirem com frequência. Responderam que tinham descido tão baixo que o único caminho era o da subida.
Estamos quase como eles, mas sem a capacidade de sorrir.
Temos que mudar isto. Consequências exigem-se.

 

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